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Bandeira Estadual

Bandeira Oficial Do Estado Do Rio Grande Do Sul.
                   
  A bandeira oficial do estado do Rio Grande Do Sul apareceu na segunda metade do século XIX, durante a campanha republicana no Brasil. Quando políticos no intuito de derrubar a monarquia de D. Pedro II, foram buscar no passado gaúcho símbolos republicanos da época em que o Rio Grande Do Sul fora república, durante a guerra dos farrapos. Onde a bandeira adotada pelos "rebeldes" era um pavilhão quadrado com as três cores farroupilhas, sendo elas verde, vermelho e amarelo, mas sem o brasão de armas até então. Nessa mesma época, lenços de seda foram confeccionados no estrangeiro, mandado pelo major Bernardo Pires, que pertencia à Maçonaria. Durante a campanha republicana, os lenços conservados pelos remanescentes farrapos, aqueles que continuaram republicanos em pleno Império, foram pregados no centro da então antiga BANDEIRA FARROUPILHA, como brasão central. Logo assim surgiu uma nova bandeira, com o brasão já impresso.
 O lema escrito na bandeira (LIBERDADE, IGUALDADE E HUMANIDADE), tanto quanto os símbolos, estão fortemente ligados à influência Maçonaria. A bandeira foi oficializada pela lei 5.213, de 5 de Janeiro de 1966, como 'bandeira do estado" já com o brasão de armas na parte central. 



Bandeira Farroupilha


Bandeira Farroupilha
   A  bandeira teve origem durante a Revolução Farroupilha, mas sua autoria é controvérsia alguns historiadores atribuem a autoria da bandeira a Bernardo Pires, enquanto outros apontam José Mariano de Mattos. A bandeira adotada pelos rebeldes era composta de três faixas diagonais, sendo elas verde (superior), vermelha (meio) e amarelo (inferior), mas sem o brasão de armas até então. Esta bandeira foi adotada oficialmente pelo decreto de 12 de novembro de 1836, quando o governo da República Rio-Grandense, baixou o decreto criando o "Escudo de armas" da República. Este foi o primeiro decreto da  República Rio-Grandense.
                                                                                                           

Payada - Pajadas / Poesias

Payada
Autoria: Jayme Caetano Braun

Raízes, tronco, ramagem... Ramagem, tronco, raiz...
Abriu-se uma cicatriz de onde brotei na paisagem...
O tempo me fez mensagem que os ventos pampas dirigem,
Dos anseios que me afligem de transplantar horizontes,
Buscando o rumor das fontes pra beber água na origem.

Sobre o lombo da distância, de paragem em paragem,
Fui repontando a mensagem de bárbara ressonância,
Fazendo pátria na infância porque precisei fazê-la,
E a Liberdade, sinuela, sempre foi a estrela guia
Que o meu olhar perseguia como quem busca uma estrela.

Pensei chegar alcançá-la, no estágio de índio rude,
Mas nunca na plenitude, porque essa deusa baguala
Que aos andejos embuçala, nunca ninguém alcançou,
Bisneto nem bisavô, nos entreveros mais brutos,
Labareda de minutos que o vento sempre apagou.

Primeiro era o campo aberto, descampado, sem divisas...
Com fronteiras imprecisas, mundo sem longe nem perto.. 
Eu era o índio liberto, barbaresco e peleador
Rei de mim mesmo, senhor da natureza selvagem,
A religião da coragem e o sol de bronze na cor

Um dia veio o jesuíta a este rincão do planeta
Vestindo a sotaina preta na catequese bendita
Foi mais do que uma visita à minha pampa morena
Bombeei por trás da melena, olhos nos olhos o irmão,
E gravei no coração a santa cruz de Lorena!

Mais tarde veio mais gente às minhas terras campeiras...
A falange das bandeiras, impiedosa e inclemente...
Me levantei de repente e as tribos se levantaram...
As várzeas se ensangüentaram, elas que eram verdejantes,
Mas eu venci os bandeirantes, que nunca mais retornaram!

E depois vieram os lusos, os negros, os castelhanos,
E nos pagos campejanos, novas normas, novos usos...
As violências e os abusos da Ibéria, Castela e Lácio
Que rasgaram o prefácio e mataram as plegárias
E as ânsias comunitárias dos irmãos de Santo Inácio.

Não pude deter a vaga de Andonega e Barbacena...
Se a História não os condena, a mancha nunca se apaga!
A opressão jamais indaga na sua ambição mesquinha,
Era meu tudo o que tinha, era meu tudo o que havia,
E eu morri porque dizia que aquela terra era minha!

Mas o eterno não morre, porque permaneço vivo...
No lampejo primitivo de cada fato que ocorre
O meu sangue rubro corre na velha raça gaudéria,
Corcoveando em cada artéria pela miscigenação
Na bárbara transfusão com os andarengos da Ibéria...

Fui sempre aquilo que sou, sou sempre aquilo que fui,
Porque a vida não dilui o que a mãe terra gerou...
Sou o brasedo que ficou e aceso permaneceu,
Sou o gaúcho que cresceu junto aos fortins de combate
E já estava tomando mate quando a pátria amanheceu!!!

E assim, crescendo ao relento, criado longe do pai,
Junto ao mar doce - o Uruguai -, o rio do meu nascimento,
Soldado sem regimento no quartel da imensidade...
Um dia me meu vontade, deixei crescer toda a crina
E me amasiei com uma china que chamei de Liberdade!

Por mais de trezentos anos fui pastor e sentinela
Na linha verde e amarela, peleando com castelhanos,
Gravando com "los hermanos" a epopéia do fronteiro!
Poeta, cantor e guerreiro da América que nascia
Na bendita teimosia de continuar brasileiro!!!!

Com Bento em mil entreveros, em barbarescos ensaios...
Depois contra os paraguaios, em Humaitá e Toneleros
Andei em Monte Caseros, Paisandu, Peribebuí
Passo da Pátria, Avaí... longe do meu território...
E fui ordenança de Osório nos campos de Tuiuti

Depois, em Noventa e três, na gesta federalista, 
A pátria a perder de vista, andei peleando outra vez... 
Sem soldo no fim do mês porque pelear era lindo, 
As espadas retinindo, chapéu batido na copa, 
Como carneador de tropa nas forças de Gomercindo

Mais adiante, em Vinte e três, em Vinte e quatro de novo...
É o destino do meu povo que assim altivo se fez,
A marca da intrepidez deste velho território!
Ante o bárbaro ostensório dos lenços rubros e brancos
Acompanhei os arrancos do velho Flores, e Honório...

Chimangos e maragatos, farrapos, federalistas
Caminhadas e conquistas que a história guarda em seus fatos
Os tauras intemeratos de adaga e pistola à cinta...

Não há ninguém que desminta nossa estirpe de raiz
Que se adonou da matriz nas arrancadas de Trinta

Depois vesti a verde-oliva, como sempre voluntário,
No "cuerpo" expedicionário, formando uma comitiva
Da nossa indiada nativa pra responder um libelo
E o pendão verde-amarelo, no outro lado do mundo,
Cravei, bem firme e bem fundo, no velho Monte Castelo!

Hoje, tempo de mudar, meu coração continua
O mesmo tigre charrua das andanças do passado.
Sempre de pingo ensilhado, bombeando pampa e coxilha...
A pátria é minha família! Não há Brasil sem Rio Grande
E nem tirano que mande na alma de um Farroupilha!

Chimarrão e Poesia - Pajadas e Poesias

Chimarrão e Poesia

Sempre grudado no posto
O payador missioneiro
Sente o calor do braseiro
Batendo forte no rosto
E vai mastigando o gosto
Da velha infusão amarga,
Sentindo o peso da carga
Que algum ancestral comanda
Enquanto o mundo se agranda
E o coração se me alarga

Sempre a mesma liturgia
Do chimarrão do meu povo,
Há sempre um algo de novo
No clarear de um outro dia,
Parece que a geografia
Se transforma - de hora em hora
E o payador se apavora
Diante um mundo convulso
Sentindo o bárbaro impulso
De se mandar campo fora!

Muito antes da caverna
Eu penso - enquanto improviso,
Nos campos do paraíso
O patrão que nos governa,
Na sua sapiência eterna
E eterna sabedoria,
Deu o canto e a melodia
Para os pássaros e os ventos
Pra que fossem complementos
Do que chamamos poesia!

Por conseguinte - o Adão,
Já nasceu poeta inspirado,
Mesmo um tanto abarbarado
Por falta de erudição
E compôs um poema pagão
À sua rude maneira,
Para a sua companheira,
A mulher - poema beleza,
Inspirado - com certeza
Numa folha de parreira!

Os Menestréis - os Aedos,
Os Bardos - Os Rapsodos,
Poetas grandes - eles todos,
Manejando a voz e os dedos
Vão desvendando os segredos
Nas suas rudes andanças,
As violas em vez de lanças,
Harpas - flautas - bandolins,
Semeando pelos confins
As décimas e as romanzas!

Tanto os poetas orientais
Como os poetas do ocidente,
Cada qual uma vertente,
Todos eles mananciais,
Nos quatro pontos cardeais
Esparramando canções
E - no rastro das legiões
Do lusitano prefácio,
A última flor do lácio
Nos deu Luiz Vaz de Camões!

No Brasil continental
Chegaram as caravelas
E vieram junto com elas
As poesias - com Cabral,
Para um marco imemorial
Nestas florestas bravias
Perpetuando melodias
De imorredouro destaque:
Castro Alves e Bilac
E Antônio Gonçalves Dias!

Neste garrão de hemisfério
Quando a pátria amanhecia
Surgiu também a poesia
No costado do gaudério
Na pia do batistério
Das restingas e das flores
E a horda dos campeadores
Bárbara e analfabeta
Pariu o primeiro poeta
No canto dos payadores!

E foi ele - esse vaqueano
Do cenário primitivo,
Autor do poema nativo
Misto de pêlo e tutano,
De pampeiro - de minuano,
Repontando sonhos grandes;

Hidalgo - Ramiro - Hernández
El Viejo Pancho - Ascassubi
Mamando no mesmo ubre
Desde o Guaíba aos Andes!

Há uma grande variedade
De poetas no meu país,
Do mais variado matiz
Cheios de brasilidade,
De um Carlos Drummond de Andrade
Ao mais culto e ao mais fino,
Mas eu prefiro o Balbino,
Juca Ruivo e Aureliano,
Trançando de mano a mano
Com lonca de boi brasino

João Vargas - e o Vargas Neto
E o Amaro Juvenal,
Cada qual um manancial
Que ilustram qualquer dialeto,
Manuseando o alfabeto
No seu feitio mais austero,
Os discípulos de Homero
De alma grande e verso leve,
Desde sempre usando um "breve"
De ferrão de quero-quero!

Imagino enquanto escuto
Esse bárbaro lamento
Que a poesia é o som do vento
Que nunca pára um minuto,
Picumã vestiu de luto
A quincha do Santafé,
Mas nós sabemos porque é
Que o vento xucro não pára:
São suspiros da Jussara
Chamando o índio Sepé!

Jayme Caetano Braun

JAYME CAETANO BRAUN

Amargo
Arroz de Carreteiro
Bochincho*
Chimarrão e poesia
Galo de Rinha
Gineteando
Mateando*
Payada
Quêrencia, tempo e ausência
Sem Diploma



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