Tela "Carga Farrapa" de Guido Mondin. |
Garibaldi: Guerreiro e articulador político
Garibaldi e a Guerra dos Farrapos
A 20 de setembro de 1835, explode uma revolução na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Os liberais, liderados por Bento Gonçalves da Silva, contra os conservadores, que tiveram vários chefes ao longo dos dez anos de duração da luta armada. Depois de um ano de revolução intransigente dos liberais, apelidados de Farroupilhas ou Farrapos, contra os conservadores, chamados de Camelos ou Caramurus, os farroupilhas desistiram da paz e proclamaram a República em 11 de Setembro de 1836. Separando o Rio Grande do Sul do Brasil, com o nome de República Rio-grandense, tentaram, ao longo de nove anos, organizar a estrutura de uma nação independente republicana, assolada por muitos problemas, mas cheia de bravura, tratando de realizar um Estado completo, com os serviços públicos, o exército e a marinha, porque os tempos eram de guerra. Aí é que entra Garibaldi.
O exército republicano teve, antes de qualquer coisa, forças de cavalaria, sendo, como são até hoje os rio-grandenses cavaleiros. O problema maior era a falta de pessoal para a Marinha de Guerra, já que os rio-grandenses são homens do lombo do cavalo, não do dorso das ondas do mar. Ademais, a costa atlântica rio-grandense, não tem portos naturais. Estaleiros navais, só em Portugal. A República possuía um pequeno estaleiro na foz do Rio Camaquã, usado para a construção de barcos em futuros combates. Garibaldi constrói e arma lanchões de guerra e faz prodígios operando nas águas rasas da Lagoa dos Patos, pondo em xeque a poderosa esquadrilha imperial brasileira, comandada por um experiente almirante inglês, chamado John Pascoe Grenfell, mercenário a serviço da Corte no Rio de Janeiro.Garibaldi: Comandante da Marinha Rio-grandense
No dia 5 de julho, Garibaldi remonta o pequeno rio Capivari, onde não podem manobrar os pesados barcos do Império, puxando sobre rodados, para a terra, os dois lanchões artilhados, com cem juntas de bois, atravessando ásperos caminhos, pelos campos úmidos -em alguns trechos completamente submersos. Piquetes corriam os campos entulhando atoleiros, enquanto outros, cuidavam da boiada. Levam seis dias até a Lagoa Tomás José, chegando, portanto, a 11 de julho. Cada barco tinha dois eixos e, naturalmente, quatro rodas imensas, revestidas de couro cru. No dia 13, seguem da Lagoa Tomás José à Barra do Tramandaí, sob o Oceano Atlântico, e, no dia 15, lança-se ao mar com sua tripulação mista: 70 homens - Garibaldi comanda o Farroupilha, com dezoito toneladas, e Griggs, o Seival, com 12 toneladas - ambos armados com quatro canhões de doze polegadas, de molde "escuna". Em plena tormenta, seu barco naufraga e ele vê, impotente e desesperado, amigos queridos e companheiros preciosos sendo tragados pelas ondas revoltadas com tamanha audácia. Garibaldi escapa a nado e com apenas o barco remanescente, será parte decisiva na tomada da Província de Santa Catarina, secundada por mar pelo exército farrapo, comandado por David Canabarro, onde brilhava a espada invicta de Joaquim Teixeira Nunes, o heróico e bizarro comandante dos Lanceiros Negros, que seguem por terra.
Autoria: ELMA SANT ANA
- Memorial do RS -