Prece do Gaúcho
Autoria: Dom Luiz Filipe de Nadal
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e com
licença Patrão Celestial...
Vou chegando, enquanto cevo o amargo das minhas
confidências, porque, ao romper da madrugada e ao
descambar do sol, preciso camperear por outras
invernadas e repontar do Céu a força e a coragem para o
entrevero do dia que passa.
Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca,
rebenque e espora, não se afirma nos arreios da vida, se
não se estriba na proteção do Céu.
Ouve, Patrão Celeste, a oração que te faço, ao romper da
madrugada e ao descambar do sol. Tomara que todo o
mundo seja como irmão! Ajuda-me a perdoar as afrontas e
a não fazer aos outros o que não quero pra mim.
Perdoa-me, Senhor, porque rengueando pelas canhadas
da fraqueza humana, de quando em vez, quase sem
querer, eu me solto porteira afora..., êta, potrilho chucro
renegado a caborteiro... Mas eu te garanto, meu Senhor,
quero ser bom e direito.
Ajuda-me, Virgem Maria, primeira prenda do Céu. Socorreme,
São Pedro, capataz da estância gaúcha. Prá fim-deconversa,
vou te dizer, meu Deus, mas somente prá Ti: que Tua Vontade
leve a minha de cabresto prá todo o sempre e até a querência do Céu.